terça-feira, agosto 19, 2008

linha de orquídeas

De: Manuel Graça

Plantas/BlcLuzDelFuego

Aos olhos da ciência, todos os segredos das orquídeas foram revelados, ao
menos, no que diz respeito à racional frieza da ciência Parece haver,
entretanto,
algo ainda não revelado, algo impossível de definir, que nós procuramos, com
nossa sensibilidade visual, aproximar-nos dessa fundamental e misteriosa
questão.

Com as fotografias nós documentamos as formas externas das orquídeas, mas
também buscamos aproximarmo-nos da verdadeira imagem da natureza e explorar
seus
recantos internos, fazendo surgir o que pode ser chamado de sua essência. A
nossa
Galeria de Fotos,
montada como um excitante enigma, tem um elemento de mistério. Qual é o
encanto das orquídeas, o fascínio que repousa na base da visão dos
orquidófilos?
Antes de explicar os três principais temas - personificação, gênese e fluxo,
gostaríamos, porém, de trilhar as origens e as formas das orquídeas.

Essas plantas são anteriores ao homem. Alguns vestígios de fósseis
encontrados datam do período entre o Jurássico, da era Mesozóica (de 195 a
136 milhões
de anos), e o período Cenozóico (64 milhões de anos). A relação homem
orquídea teve início, provavelmente, na costa do Mar Mediterrâneo, onde
Orchis e
Ophrys são nativas ou, então, na China, com o Homem de Pequim.

A primeira referência à orquídea, de que se tem notícia, encontra-se
registrada no Enquiry Into Plants (Pesquisa sobre Plantas), escrito por
Teofrasto,
um discípulo de Aristóteles, cerca de 300 a.C. Foram pela primeira vez
claramente identificadas como "orquídeas" no século 1 d.C. por Dioscórides,
um médico
militar especializado em botânica medicinal, que usava as orquídeas, no
tratamento de problemas sexuais, chamada Matéria médica, descreve mais de
quinhentas
plantas, designando duas delas como orchys, foi padrão referencial até a
Idade Média. Na Ásia, o grande filósofo e estadista Confúcio mantinha
orquídeas
em sua casa, e escreveu um poema enaltecendo sua fragrância,

A Orchidaceae, ou orquídea (orchid, como é chamada em inglês), era conhecida
pelos gregos como orchis, há dois mil anos. Tal palavra parece referir-se à
Orchis morio, uma orquídea que ainda pode ser vista naquela região. O nome
significa testículo, por razões bastante óbvias.

A atual orquídea ocidental teve sua origem durante a Grande Era da
Navegação, quando então foi levada à Europa juntamente com outros artigos
comerciais
provenientes dos trópicos "selvagens". A primeira a alcançar a Europa foi a
Bletia verecunda, em 1731. Tratava-se de uma orquídea nativa, descoberta nas
índias Ocidentais.

No século XIX, tomou-se mais fácil importar orquídeas dos trópicos, e o
progresso na fabricação de vidros facilitou a construção de estufas. As
pessoas
de alto poder aquisitivo e a aristocracia sentiram-se motivadas a
cultivá-las, a ponto de competir na coleta de espécimes raros e bonitos.
Embora aristocratas
e eruditos tenham organizado expedições por regiões tropicais ainda
inexploradas à procura das flores, a maior contribuição veio de coletores
contratados
por negociantes de orquídeas. Essas pessoas solitárias trabalhavam meses ou
anos, arriscando suas vidas. Embora as recompensas fossem substanciais, caso
encontrassem espécimes raros, muitos deles se deparavam com um trágico
destino, após uma longa e solitária viagem. A Skinner (Skinneri) é uma das
muitas
plantas cujos nomes foram mantidos através dos séculos para homenagear
coletores de orquídeas.

Através dos anos, muitas pessoas eruditas participaram da classificação e da
denominação do crescente número de orquídeas trazidas; de regiões tropicais,
deixando-nos um legado de realizações substanciais. O cultivo de novas
variedades teve início na última metade doséculo XIX, proporcionando um
rápido avanço
e produzindo uma infinidade de tipos. O critério de registro da Royal
Hortícultural Society tem-se mantido até a presente data, conservando um
padrão inigualável
no mundo da floricultura.

O que há nas orquídeas que as toma tão atraentes? Cor, brilho, forma ... ?
Das plantas monocotiledôneas, o brilho da orquídea pode ser encontrado
somente
nas da família ginger. Outra característica distinta é a de que os estames
são unidos aos pistilos para formar o que é chamado de coluna.

Essa coluna é perfeitamente visível em algumas flores e escondida no labelo
de outras. Foi usado um foco suave ao fotografar as flores com colunas
expostas,
talvez para insinuar um componente sexual. Em contraste com as muitas
orquídeas que apresentam colunas grossas, a virginal Laelia mantém sua
coluna escondida
no lóbulo das sépalas. As flores são basicamente órgãos reprodutores, e o
Criador as expôs de uma forma belíssima. Mesmo assim, algumas flores
escondem
sua arte reprodutora nas profundezas de seus recantos internos.

A relação entre orquídeas e insetos é algo fascinante. A orquídea
desenvolveu varias técnicas distintas para facilitar a polinização por
intermédio dos
insetos. Por exemplo, as orquídeas normalmente produzem flores andrógenas,
mas algumas possuem flores só masculinas ou só femininas. O Catasetum,
encontrado
na América Central, tem uma flor masculina que possui um sentido tátil.
Quando a flor é tocada pelos insetos, um receptáculo de pólen é lançado a
mais
de um metro de altura, agarrando-se firmemente às costas do inseto. A Ophrys
e a Drakaea assumem as formas de insetos femininos, e assim enganam os
insetos
machos, permutando pólen por meio de movimentos de acasalamento. Essa arte
de sedução possui um encanto que não é habitual nas plantas.

As sementes diminutas também são surpreendentes. Uma cápsula contém de 10
mil a 8.000.000 de sementes, dependendo da espécie, que são suficientemente
leves
para serem carregadas pelo vento por centenas de quilômetros. A natureza
compôs tudo isso de tal forma que as sementes só germinarão se tiverem
contato
com o fungo
micorriza
,
pois eles vivem em perfeita
simbiose.

Quanto mais se aprende sobre orquídeas, mais misteriosa se torna a sua
natureza. Ao nos depararmos com as maravilhas da natureza e sua infinita
profusão
de formas através desta coleção fotográfica, nosso gosto pelo belo fica
profundamente aguçado.

linha de orquideas.

Atenciosamente,

Manuel Seleiro
hem!
Portugal!!

"Para um pássaro, mais vale um simples ramo do que uma gaiola dourada."

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A Lenda da Orquídea

C.bicolor brasiliensis var "Rubens" (foto Damião)
Na cidade de Anam, existia uma jovem chamada Hoan-Lan, que divertia-se a
fazer penar suas paixões aos seus numerosos adoradores. Por um sorriso, o
jovem
Kien-Fu tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com infinita paciência
as mais lindas peças de jade. A ingrata, após se adornar com todos os
presentes
do nobre apaixonado, riu-se dele e o desprezou. Kien-Fu, desesperado, acabou
com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho.

O pintor Nguyen-Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o
retrato de sua amada. Esta, porém, depois de ter exibido para a satisfação
de
sua vaidade a magnífica pintura, desprezou o artista que desapareceu para
sempre no mistério das selvas. Mai-Da, apaixonado também, quis patentear seu
amor à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos
anjos. A ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada
mais
aspirando na vida, se envenenou.

Cung-Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano
que foi recebida pela ingrata. O pobre endoideceu.

Mas o poderoso Deus das Cinco Flechas, que a tudo via e tudo ordenava,
julgou que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel
apaixonar-se pelo formoso Mun-Cay. E desde então, Hoan-Lan sonhava no seu
leito de nácar e sedas bordadaas com seu adorado, cujo nome esvoaçava sobre
seus
lábios de carmim, como uma borboleta sobre a rosa. Ao despertar, descia à
piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas para ver
passar
seu querido Mun-Cay, que apenas se dignava a levantar os olhos para ela.
Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama de
beleza
que tinha ardido à sua volta.

Os dias iam passando, e Mun-Cay não saía de sua indiferença cruel. Um
dia, Hoan-Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão. Não me
interessas,
rapariga ! - disse ele. - És como todas as outras. Para mim não vales nada.
Se fosses como aquela que eu amo... Esta sim, é uma deusa. Tu, mísera
Hoan-Lan,
com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias.
E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.

Em meio de seu desespero, Hoan-Lan lembrou-se do Deus Todo Poderoso que
vivia na montanha de Tan-Vien. Talvez ele pudesse lhe valer. Apesar da noite
escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua
última esperança. A entrada do templo subterrâneo era guardada por um
terrível
dragão. Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos
conseguiu penetrar num extenso corredor, por entre serpentes horríveis que
lhe
babujavam os pés nus.

Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e
implorou:
. Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun-Cay que me despreza.
. É justo o castigo - respondeu o gênio - Porque isso mesmo tens feito aos
teus apaixonados.
. Ó Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede-me o amor de meu querido Mun-Cay.
Sabes bem que não posso viver sem ele.
. Vai-te daqui - rugiu o gênio - Nada conseguirás. O castigo que pesa sobre
ti, foi imposto pelo Deus das Cinco Flechas, que tudo sabe. É justo que
sofras.
Saia do meu castelo.

Á saída, Hoan-Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra.
. Formosa jovem - disse-lhe a bruxa - sei que és muito desgraçada. Queres
vingar-se de Mun-Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun-Cay não
te
ame, não amará a outra mulher.

Hoan-Lan, voltou à sua casa, que lhe parecia um cárcere. Saía para os
bosques a distrair sua pena, mas sempre em vão. Um dia, vendo ao longe seu
adorado
Mun-Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi
transformado numa árvore de ébano.
Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe
disse: -Desta maneira o teu amado não pode ser nunca de outra mulher.
. Bruxa infame, exclamou chorando, a pobre Hoan-Lan - o que fizeste a meu
adorado ? Devolva-me ou mate-me. Contratos são contratos - replicou a bruxa,
rindo
satanicamente. Cumpri o que prometi. Mun-Cay, embora nunca te ame, não amará
a outra mulher. Prometi e cumpri. A tua alma me pertence.

Hoan-Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu
tronco imóvel.
. Perdoa-me, Mun-Cay. Tem para mim uma só palavra de amor, de indulgência e
compaixão. Não vês como me arrasto aos seus pés, como te abraço, como sofro!
. Mas a árvore nada respondia. A jovem ali ficou por muito tempo.
. Uma manhã passou por ali um gênio que se compadeceu da sua dor.
Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse:
. Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até
a malvadez.

Procedeste muito mal. Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada
e vais deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou
transformar-te
numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que
dê a impressão do que foi a tua vida maldosa. Quem vir as tuas pétalas
facilmente
adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel, e a tua
preocupação constante pela elegância. Concedo-te um bem: não te separarás do
bem
que adoras e viverás da sua seiva, sempre parasita do teu amado.

Assim falou o poderoso gênio. E, quando falava, a túnica rósea de
Hoan-Lan ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás. Os olhos
da jovem
brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do
nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica.

E assim apareceu a primeira orquídea do mundo, segundo a lenda de Anam.

(Muitas pessoas acreditam erroneamente que as orquídeas são parasitas, no
entanto elas apenas usam o hospedeiro para fixar suas raízes).

Atenciosamente,

Manuel Seleiro
hem!
Portugal!!

"Para um pássaro, mais vale um simples ramo do que uma gaiola dourada."

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